terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Atividade 1.6.
Intertextualização da obra com quadros do autor

Duplo Retrato, 1934
Sendo um duplo retrato, ao encontro com esta pintura não consegui evitar ver nela Antunes e Judite, abraçando-se, ainda que ambos a medo. Simboliza o amor que existia, mas também a constante insegurança e receio que tinham um para com o outro, cujo toque físico sempre acalmava. Como vemos, um abraço.

“Na verdade, os braços daquele homem davam-lhe confiança e transformavam-na em defendida.”



Auto-Retrato com o Grupo da brasileira, 1925
“Chama-se clube a umas casas abertas toda a noite e nas quais a razão mais forte é o jogo.”

Bem sei que este cenário não é o de um clube, nem que as raparigas sentadas são prostitutas. Sei também que não jogam a dinheiro, mas que tomam apenas uma bebida, e que nenhum deles parece estar submerso na noite efémera. Há luz na sala.
Mas vejo—isso sim— um grupo de conhecidos, talvez amigos, que, sentados a uma mesa, saboreiam a sua companhia, e nada mais. Talvez nessa perspetiva, e apenas nessa, conseguíssemos ver em Almada, Antunes.


Maternidade, 1935
É uma pintura que faz sentido de todas as perspetivas que se analise. Vemos o Luís nos braços da mãe, no regaço do campo, da sua casa, a memória de Maria que ficou num passado muito distante. Vemos Judite, que foi uma figura materna para ele, embalando-o no quarto de hotél e cantando-lhe músicas de dormir.
Mas mais que tudo isto, vemos o terceiro nascimento de Antunes, após a morte de Maria e o abandono de Judite. As três vidas despidas, puras e inocentes, à espera de uma resposta do destino fatal.



Sete Pecados (I)Mortais, 1926
A uma mulher nua com “pecado” no título, é impossível não espelhar com Judite, a prostituta que vivia da Luxúria. Bela, jovem, mas impura.
“Entre a mulher despida e a mulher nua, o Antunes hesitava. Caso curioso: enquanto havia apenas a mulher vestida, o Antunes não sabia que tinha de decidir-se. Quando apareceu a outra, o Antunes sentiu que havia de escolher uma, e não podia decidir-se por nenhuma. As imagens destas duas mulheres sobrepunham-se e faziam coincidir os seus contornos numa única figura que torturava o coração de Antunes.”



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