terça-feira, 24 de novembro de 2015

Atividade 2.3.
Diário de Leitura


Comecei a leitura do “Amor de Perdição” dia 26 de Outubro, tendo terminado a mesma no dia 22 de Novembro.  Neste diário escolhi, devido ao pouco tempo que tenho, fazer uma carta para cada semana de leitura que experiênciei, dirigida a Simão Botelho, personagem principal do livro, em vez de escrever um pequeno relatório todos os dias em que lia.


Primeira Semana de Leitura, de 26 de Outubro a 1 de Novembro

Querido Simão,
Embora comece assim, não quero de nenhuma maneira dar a ideia de que estou apaixonada por ti como todas as outras, no entanto, chamar-te de “amigo” ou “adorado” parece-me algo que, igualmente, não se adeque. Talvez o faça daqui a uns tempos, quando a nossa realação evoluir e eu já te conhecer melhor, mas agora não.
Ser jovem e estar apixonado é duro, não é, Simão? Tão injusta que é a tua situação, estar enamorado de Teresa e não poderes estar com ela. Confesso que não percebo o desentendimento dos vossos pais, visto que acho que questões burocráticas não deveriam interferir com amores jovens, muito menos com o vosso, tão sincero e verdadeiro.
Como vai Coimbra? Li que voltaste para lá devido a conflitos óbvios nos últimos dias. Li também que Baltasar pretende casar com Teresa, mas não te afliges meu caro, ela não quer, ela não o fará, ela ama-te demais. Nunca a largaria se fosse a ti, nem nunca desistiria dela, sabes que foi ameaçada de ir para um convento, não sabes? Tudo por recusar-se a casar com alguém que não tu, és um sortudo por teres encontrado alguém assim.
Tenho pena de não teres assassinado Baltasar na festa de aniversário da Teresa, não há homem mais falso e mesquinho que aquele se queres que te seja sincera, mas compreendo que não o tenhas feito, pelo menos assim a hipótese de conseguires estar com ela não morre já, ainda há esperança!
Ela ama-te tanto, Simão. Não desistas. Não já, Simão.
Da jovem leitora da tua história,
Eva.










Segunda Semana de Leitura, de 2 a 8 de Novembro

Simão,
Estou chateada contigo, foste imprudente e pouco cauteloso, e essas tuas características causaram a morte de Baltasar. Não que não me agrade o facto do diabo do homem ter morrido de vez, mas sim porque sei que agora não vais conseguir, facilmente, estar com Teresa. Por outro lado, parabéns. Não tinhas até hoje mostrado tanta dedicação e amor pela tua amada, fizeste um gesto bonito e tenho a certeza de que a comoveste.
Pobre Teresa, fechada num convento mundano e habitado por freiras cuscas e pecadoras. Foi lindo da tua parte tentares salvá-la, mas o que vais fazer agora? Vais ser condenado, Simão! O assassinato é um crime grave, não te vais conseguir safar desta, nem há ninguém que te possa salvar, a não ser teu pai. Lembrei-me enquanto lia, que secalhar o teu pai podia puxar uns cordelinhos e fazer com que te aleviassem a pena, será que o vai fazer? A espera mata-me!
Falemos agora da Mariana, doce Mariana. Já são duas apaixonadas por ti, percebes isso, não percebes? Sei que por ela não nutres sentimentos amorosos, mas não a iludas, Simão, que a pequena rapariga não o merece. Trata-a como uma irmã e não como se estivesses a apaixonar-te por ela, por favor, Simão. Não há nada mais doloroso do que ler de uma rapariga iludida de amores.
Se me dissessem que um miúdo violento se teria, em poucos meses, tornado num homem honesto e bondoso como tu, não acreditaria. Fico feliz por ti. Penso que na próxima carta já te tatarei por meu amigo, que tal?
A vida é feita de escolhas, Simão. As tuas foram as melhores e piores que podias ter feito, fica já aqui dito.
Da jovem leitora da tua história,
Eva.









Terceira Semana de Leitura, de 9 a 15 de Novembro

Meu querido amigo Simão,
Viste? Tratei-te por amigo, gosto muito de ti. Já não julgo Mariana e Teresa por te amarem tanto, visto que está provado que têm razões para o fazer.
Foste condenado à forca e li que a tu amada não reagiu bem. Se queres que te diga, nem eu reagi bem, Simão! Se não fosses uma personagem inventada, adotaria também a vontade delas de morrer por ti! Mariana está perdida de amores, espero que saibas, e Teresa confessa também que já não há nada que valha a pena viver se tu não estás no mesmo mundo que ela.
Tens, realmente, pessoas na tua vida que gostam muito de ti, entre elas está o teu pai que conseguiu que não te condenassem à forca. Queixavas-te tu dele mas agora vês que o amor de pai é maior que tudo. Bendito seja o senhor Domingos! Bom homem, sim.
Não sei se te chegou aos ouvidos ou não, mas Teresa quis ir ter contigo à prisão quando souba que irias morrer, queria ver-te, beijar-te e despedir-se de ti. Persuadiram-na a não o fazer, no entanto. Oh, porque será assim tão difícil fazer com que um amor como o vosso resulte? Tinha tudo para dar certo se não fossem as manias da moral e sociedade. É sempre culpa dos outros, é sempre.
Trago-te más notícias, também. Teresa está doente, Simão. Muito doente, doente ao ponto do seu pai querer levá-la para casa e para fora daquele convento amaldiçoado. Mas ela recusou, ela disse que preferia morrer se não te pudesse ter. Ela não foi embora, Simão. Tens de a salvar, ou despedir-te pelo menos.
Seria demasiado injusto se Deus não vos concedesse, pelo menos, mais um momento juntos. Diz-me que vais a ela, Simão, preciso que me garantas que não vai morrer mais uma rapariga sem ver o seu amor, preciso disto.
Nunca desistas.
Da jovem leitora da tua história,
Eva.









Quarta Semana de Leitura, de 16 a 22 de Novembro

Querido Simão,
Mal tinha eu acabado de ler que tinhas sido imposto dez anos na Índia em vez de morreres, começa logo tudo a correr mal.
Teresa morreu, Simão, eu sei que já sabes mas parece-me demasiado irreal para não o escrever. Ela morreu, mas não entristeças de mais pois sabes que morreu a amar-te mais que à própria vida.
Como eu esperava, foste com Mariana para o barco rumo ao outro continente. Pobre rapariga. Outra que te ama mais que a ela própria. Esse teu charme não te deve mesmo perdoar, visto que até através de páginas e palavras o consigo ver.
Sinto-me tola porque, agora que acabei de ler a tua história, sei que morreste, e mesmo sabendo isto continuo a escrever-te. Porque foste tu morrer, Simão?
Morres-te tu e Teresa por doença, morreu Mariana por não aguentar suportar a ideia de viver uma vida sem ti. Morri eu, porque agora, desolada, não consigo pensar noutra coisa senão no “e se algo tivesse sido diferente?”. Estarias vivo se não tivesses visto Teresa da janela do teu quarto? Estarias vivo se os vossos pais não fossem bonecos de fantoche em classes socias corruptas? Estarias vivo se eu não tivesse tido a feliz ideia de ler este livro?
São demasiadas perguntas sem resposta, Simão.
Despeço-me agora dizendo que lamento, lamento por tudo o que aconteceu e não devia ter acontecido.
Serás sempre imortal para mim, enquanto as tuas cartas estiverem vivas, estarás sempre vivo para mim.
Da jovem leitora da tua história,
Eva.







1 comentário: